IN MEMORIAN
Consagrou-se como um dos palhaços mais velhos – em atividade – do mundo. Para um aprofundamento sobre a trajetória de Pinduca, conheça a dissertação de Cláudio Rejane Alves dos Anjos, sinalizada em nossa biblioteca. Em maio de 2016, com 100 anos, Pinduca nos deixou para passear em outros picadeiros.
Pinduca nasceu em 1915, em Salvador/BA, no Santo Antônio Além do Carmo. O seu nome de registro é Almir Rodolfo Almeida. Trabalhou no comércio ainda muito novo, como cobrador de ônibus. Uma das suas primeiras inspirações foi o ator Roberto Ferreira, vendo-o atuar como animador de festas, tendo como personagem o “Zé Coió”. A partir daí, Almir começou a sentir que poderia fazer aquilo e foi se desenvolvendo como humorista, e logo, como palhaço. Foi se desenvolvendo em sua predileção por fazer rir, de diversas formas, como num pequeno palco ao lado da Igreja de Boa Viagem. Aos 22 anos, em 1937, foi assistir ao Circo Arco Íris, para comemorar o seu aniversário. Por ironia do destino, o apresentador entrou no picadeiro dizendo que teria espetáculo, mas não teria palhaço, porque este tinha fugido com a sua esposa – não se sabe se foi verdade ou marketing do circo, utilizando o jargão do palhaço como ladrão de mulher. No desenrolar da história, ao subir no picadeiro e fazer graça numa briga com o anão, Almir é contratado para substituir o palhaço Pipoca. Foi aprendendo esquetes do repertório de circo, vestiu-se com a roupa do palhaço que havia saído e estreou como palhaço profissional, ganhando o nome de Pinduca. A temporada durou pouco mais de um mês, mas o palhaço acabou optando em não seguir viagem com o circo, dizendo que era por conta da mãe – mas na verdade ele nunca gostou da ideia de viajar. Desde o início, Pinduca se constituiu como um palhaço não adepto à vida itinerante, conciliando a sua atuação como palhaço, com emprego fixo e comprovante de residência – coisa rara entre os circenses.
O segundo circo que trabalhou foi o Buraem, menor que o Arco-Íris.No Circo Fekete, atuou por dois anos (1937-1938), como palhaço, e nas apresentações de circo-teatro – como ator e como ponto. Foi nesse circo que ele começou os seus experimentos dramatúrgicos, escrevendo esquetes e pequenos dramas. De 1938 a 1945, Pinduca trabalhou como chefe de disciplina no Colégio Órfãos de São Joaquim, mas sem deixar de participar de circos que passavam pela cidade. Apresentava a sua carteira profissional de palhaço, humorista e cantor, e pedia para mostrar o seu trabalho. Além do circo, atuava em outros espaços, principalmente em clubes e escolas… e até em igrejas. Pinduca teve vários trabalhos fixos, como na fábrica de chocolate Bhering, na fábrica de calçados Mirca, na Panair do Brasil, na Cruzeiro do Sul Aerovias e Transcontinental. Também trabalhou em uma agência de Jogo do Bicho. Criou o “Pinduca Show de Atrações”, uma empresa de entretenimento que trabalhou no mercado corporativo, bem como na realização de bailes, desfiles, festas juninas, etc. Outro elemento importante na sua carreira foi o trabalho de animação de aniversários, como palhaço. A sua esposa, Serenilha, esteve com ele de 1941 a 2007, quando ela faleceu. É a mãe de seus filhos e atuava sempre nos bastidores do “Pinduca Show de Atrações” – que perdurou até a década de 90. Pinduca atuou na TV, com seu personagem “Seu Explicadinho”, tanto na “Praça da Alegria”, da TV Globo, como na “A Praça é Nossa”, do SBT. Ele seguiu como palhaço até o fim da vida, criando e se recriando a partir das limitações que seu corpo foi apresentando com a idade, apresentando-se pontualmente. Em sua vida, optou por não ser um circense itinerante, atuando como palhaço e animador muito mais fora do circo, dedicando-se ao mercado do entretenimento.